Tuesday, August 24, 2010

o julgamento é errado e eu também sou

Não gosto de julgar ninguém. Faço-o muitas vezes. Demasiadas. Tenho pena de o fazer mas é algo inevitável, que surge das mais profundas e obscuras naturezas humanas, e das mais evidentes relações humanas. Toda a gente julga toda a gente, sem pensar em se julgar a si própria. Nem sequer é por isso que não gosto de julgar, mas só por si, parece-me um motivo admissível para fazermos um esforço.

Não gosto de julgar ninguém porque não sei o que se passa ao certo dentro da cabeça dos arguidos, e o que está por trás dele. Isto aplica-se especialmente a figuras públicas, sobre as quais mais não sei que pedaços de informação mais ou menos distorcida. Há por isso muitas lacunas, muitas falhas que não permitem julgar todo o conjunto da pessoa. Podemos, isso sim, julgar as acções das pessoas isoladamente, pois essas conhecemos, por vezes (convém sempre desconfiar da informação encontrada em livros e jornais).

Marylin Monroe, que muita boa gente vê como fútil e ignorante, é um excelente exemplo das falhas que podem resultar desses julgamentos. Ao que consta, para além de escrever poesia, lia, entre outros, Beckett e Joyce (Público). O julgamento que lhe é feito por algumas pessoas baseia-se unicamente na sua vida profissional, ignorando aquilo que a diva fazia por fora.

O homem é um ser limitado, tal como o são os seus julgamentos, daí não gostar de os fazer. Pena ser tão humano e natural.

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