Thursday, April 8, 2010

Uma Outra Carta Miserável


quadro de René Magritte

Caros seres miseráveis,

Já me fartei de dizer isto, não é, no entanto, por isso que perde a verdade: toda a gente é miserável. Sendo um adjectivo é bastante subjectivo e susceptível a utilizações irónicas e figuradas. Não faço ideia porque estou a escrever isto... Não tem o mínimo sentido! Nem tão pouco o mínimo objectivo! Que miserável mentira a minha, é óbvio que tento reabilitar assim o blog que nos últimos tempos tem falecido aos poucos. É um objectivo miserável bem sei, não mais fácil por isso.

Sou um fazedor de coisa nenhuma. Entre os estudos que sigo com falta de interesse objectivo, os traços e versos miseráveis que vou deixando para trás, e os meus ridículos desejos secretos pela música e literatura, muita pouca coisa fica erguida. Orgulho-me de não deixar nada para trás, que não ideias, a mais pura forma de arte,cultura, ou de vida. Naturalmente estas são pessoais, intransmissíveis, mas, nem por isso, menos valiosas. Devo dizer que toda a gente tem ideias, e muitas delas geniais. Considero as pessoas com ideias geniais, quer as passem para o papel ou não, loucos que vivem escondidos entre os seus iguais, que se cruzam na rua e raramente se reconhecem. Não sei se serei um louco: atrevo-me a dizer que sim, gosto de considerar as minhas ideias geniais mas será incorrecto e politicamente incorrecto afirmá-lo publicamente. Aparte esta minha pequena consideração pessoal, o que é um louco senão um miserável?

Não somos todos miseráveis, e naturalmente uns serão mais que outros. Miserável é tentar perceber quais os verdadeiros miseráveis, com os frágeis olhos humanos, que não percebem as diferentes visões humanas sobre o que é bom e mau. Não tomem é este meu devaneio, discurso de um louco que o é por querer sê-lo e não por o ser, como algo importante, que tenha algum tipo de importância. É um miserável esforço para reabilitar este blog, e não só, eu próprio.

Uma miserável existência para todos os que continuam a intentar seja o que for,

jp amorim

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