Por vezes a boca foge-me para a verdade. Depois tapo-a com a mão e finjo que não disse nada.
-Ai é assim?
Não, não é assim... Como pode ser assim se nem disse nada?
-Ai é assim?
Mentira a minha, raramente a boca me foge para a verdade. Eu fujo para a verdade, mas a boca destoa, e não parece que acontece. Talvez uma ilusão. Certamente uma ilusão. De certeza uma ilusão... Caso contrário,
-Só podes estar louco?
nunca. Porque como pode uma pessoa tão normal estar louca?
-Lá estás tu com a mania...
Realmente... Dá-me com ela.... Será que é a boca que me foge para a verdade?
-Certamente não, manias tuas...
Irrita-me a normalidade, o quotidiano, a perfeição no seu sentido mais lato... Gosto do caos, da liberdade, e do pó dos pinheiros... Gosto de muita coisa, mas não gosto mais de nada como de...
-De???
de...
Sei lá do que gosto... A boca foge-me para a verdade, e a verdade é que não sei o que quero
"don’t feel guilty if you don’t know what you want to do with your
life…the most interesting people I know didn’t know at 22 what they
wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year
olds I know still don’t."
a verdade é que até gosto de viver em Portugal, e por mais que inveje a Dinamarca, não me vejo a viver num desses sítios, sem defeitos (aparentes), e sem coisas para arranjar.
-Fugiste para mentira...
Talvez... Já estou tão habituado a viver num mundo imperfeito, que é um acontecimento a boca fugir-me para a verdade.
-E talvez nunca o tenha feito!
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