Sunday, November 15, 2009

As crianças do Ocidente


trabalho PT (note-se a linguagem formal), comentário a uma imagem semelhante

Várias campanhas utilizam publicidade icónica ou chocante para passar a sua mensagem. É o caso deste cartaz.

Vivemos numa época em que impera o consumismo: o que interessa é comprar o mais possível, respeitando marcas. Parece que quando se não compra, há um vazio na identidade das pessoas. Elas não sabem o que são, e parece que comprando vão desenvolvendo um estudo profundo com objectivo de descobrirem a sua personalidade. Marca x é descontraída, y desportiva, z séria, o divertida, k triste, e por aí fora. Sabendo que marcas uma pessoa usa, sabemos mais ou menos o que as outras pessoas acham dela.

Essa é a principal preocupação dos povos ocidentais e seria irónico, se não fosse tão chocante, quando comparada com a principal preocupação de muitos povos: sobreviver. Estes povos não têm tempo nem dinheiro para se preocuparem com coisas tão supérfluas, e eu atrever-me-ia a dizer, incluindo-me no lote dos que ligam a isto, tão infantis. É este paralelismo que o cartaz tenta fazer: a pobreza do “ terceiro mundo”, que nem pode dar-se ao luxo de viver com algum conforto, e a pobreza de espírito ocidental, que exige não só o conforto, como exige determinadas marcas.

Já aqui apelidei o povo ocidental de infantil. O texto também o faz, com a imagem do “beicinho da criança”. A criança que queria umas Nike e teve umas Adidas, enquanto em África improvisam com garrafas velhas: esta mensagem não é só para crianças mas para todas as pessoas supérfluas e ingratas. Naturalmente incluo-me no lote.

Este cartaz pretende, senão acabar com o consumismo, pelo menos acabar com a ingratidão que a ele está associada. É uma campanha muito importante. Pelo menos para nascer respeito pelos povos mais pobres e pelo seu estilo de vida.

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