Thursday, August 20, 2009

Fora d'horas



Já toda a gente fez algo fora d'horas, à noitinha, quando já não vale a pena ligar a televisão pública, a não ser que seja para ver moças. Para quem gosta de ver moças, é óptimo, mas mais vale ligar a internet, porque provavelmente até são mais inteligentes, veja-se o péssimo exemplo da menina da televisão Carolina Patrocínio. Mas não era sobre isto que queria realmente falar. Parece que fora de horas, até as cidades são mais bonitas, até esses seres de massa cinzenta impessoais são mais belas quando não estão atestados de pessoas. Se calhar é a calma que faz a diferença, ou o facto de tudo estar menos cheio, ou se calhar porque somos mais verdadeiros, mais nós à noite (dá acesso a um outro artigo, um outro devaneio, sobre a noite). O facto é que é muito mais fácil escrever à noite de que em qualquer outra altura do dia.

Fora de horas fala-se de tudo, escreve-se de tudo. Tudo é giro e bonito, tudo é real e verdadeiro, tudo é curto e longo. Por exemplo posso estar aqui a escrever durante horas, não há nada que me faça parar, posso articular um pensamento no outro e continuar, e continuar. Não há nada que me distraia. Sou livre de escrever, o quanto quiser, como quiser. É a liberdade de ser e de viver. Posso discorrer durante longos rios de tinta, neste caso digital, mas não passa de um momento singular, curto e simples, que se mostra tal como é. Por mais que escreva aqui vai sempre soar como um texto curto, pois refere-se a algo concreto e não a tudo.

Fora de horas pode-se dizer tudo, desde que se diga realmente se diga algo. Nem sequer é preciso que tenha sentido. Fora de horas tudo é o que é, por mais estúpido, sem sentido e inexplicável que seja.

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