Eu sou um Noctívago. Adoro a noite, e quase tudo que ela guarda. Adoro a escassez de luz e a calma que nos transfere, adoro as paisagens escondidas, o silêncio, as sombras, a voz do vento e das árvores quando conversam, dos sussurros, dos ruídos de fundo, do sono da vida, etc. É como o imaginário de um sonho (pelo menos os meus costumam assemelhar-se bastante à Noite). Há uma mística, uma magia própria que nos permite transcender com uma facilidade incrível. Não sei, talvez por no céu se encontrar uma quantidade de luz suportável para os nossos olhos, e por nós olharmos para o céu com muita maior frequência, ficamos mais próximos de um estado de reflexão sobre a vida, e ficamos mais próximos desse Deus, que não conhecemos pessoalmente, mas com quem falamos em certos momentos da nossa existência.
Eu adoro a Noite, e ao contrário do que se possa dizer não há nela nada de pecadora, de mórbida, etc. Ela é o mais puro estado de inocência. É o subconsciente da vida. É à Noite, por isso mesmo, que as pessoas agem de uma forma mais autêntica e mais inocente, em sintonia consigo próprios. Se a criminalidade, a violência e o despudor aumenta à Noite, é porque o ser humano, de pacífico, calmo e pudico nada tem. À noite o Homem revela-se, e deixa-se cair nas presas da sua ingenuidade. À noite o ser humano deixa-se cair em tentação, não porque isto só lhe ocorre à noite, mas porque sobretudo à noite, outra regras funcionam.
Tenho pena, imensa pena, que o ser humano, de uma forma geral, seja um ser tão pouco transcendente, seja tão igual aos animais, e tão diferente dessa superioridade divina que a luz do dia esconde com máscaras. É por isso normal, que a Noite, à luz da vida e da verdade, revele tudo, podres incluídos. Só tenho pena é que esta seja criticada por ser tão autêntica, e que os noctívagos, em vez de apelidados seres inocentes, ingénuos e humanos , são apelidados de homens do pecado.
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