Dr. Hugo Heyrman, Waiting, 2006, acrylic paint on paper (21 x 29,7 cm.) hip.aqui
Não és mais que sombra, tu. Não és mais que sombra, mas falas para mim. E eu não respondo: a minha mãe não me deixa. Não posso falar com estranhos. E tu és uma estranha. Acho que já foste outra coisa qualquer, mas agora és uma sombra, ou outra qualquer criatura esquisita. Peixe? Peixe não és... Então? Não poderias ser? Poderias, mas não és... És mais alma, mais vida do que outra coisa... Mas não a vida que tinhas dantes, uma nova vida que não te pertence, nem a mim, nem a ninguém. A alma cheira a velha, mas não é. Nova. Fresca. Acabadinha de fazer. Não és quem eras, nem serás, nem foste (ou será que sim?). És só a sombra de algo pouco claro. Já nem sei se és, pelo menos para mim. Pareces estranha. E eu não posso falar com estranhos.
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