Wednesday, December 23, 2009

noite fora #5



Passou muito tempo. De tudo. Não me lembro de ser. Não sei se sou. Lembro-me da vida há muito tempo. Lembro-me de pensar que belo ano que vai ser, ironicamente, num qualquer dia 1. Hoje, já vejo o final desse ano. Não foi belo, não foi nada. Cru, seco, banal. O ano passado era. Não sei o quê, mas era. E este ano fui sendo também. Cortei, com muito custo, muitas cordas que me uniam ao passado, ao que sou quando chove. Mas nunca cheguei a ser verdadeiramente.

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Não gosto de datas. Por mim os dias poderiam ser todos iguais. Era da forma que não éramos presos em armadilhas do tempo. Já? A sério? O tempo nunca é na quantidade em que parece ser. De que me vale viver um ano, se todos os segundos são no fundo iguais? E o mais curioso é que me prendo a esta realidade que, sem lógica e sem sentido, me fascina. Talvez por isso mesmo: estou farto de planos, de estratégias, de linhas, ainda que as faça sempre e para tudo.

Está aí o Natal. É me indiferente. Perdi-lhe o gosto, como já perdi à Páscoa, ao Carnaval, à Passagem de Ano, etc... E o Natal é belo! Pelo menos escrito, filmado, cantado. Tão fantástico!!! Ao vivo não é tão fantástico... É muito mais banal, consumista, superficial, do que belo, profundo, forte. Talvez esteja doente, não sei... Talvez seja mais engraçado ver o mundo de uma forma mais deprimente. Ainda que corra o risco de me tornar depressivo, ou até mesmo deprimente.

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Adoro esta música. Do início ao fim. Nunca pensei ser possível gostar tanto de uma música instrumental. Nunca pensei poder de gostar de PF sem o Roger. Nunca pensei que a definição da vida pudesse ser tão simples. Não a consigo explicar, mas quando ouço esta música sei perfeitamente qual é. Ela cheira a noite, tresanda... Cheira a homem. Cheira a desespero, que a par da culpa é talvez a maior das emoções humanas. Um homem desesperado corre. Nalgum sentido. Também eu corro, ouvindo esta música. E neste meu inferno depressivo, deprimente, ridiculamente enfatizado, ou mesmo puramente ridículo, meramente infantil, sem razão de ser, estúpido vá, vivo mais que muita boa gente. Podemos chamar a esta música uma eternidade. É uma eternidade, e eu estou fechado nela...

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Não ligo muito a datas, mas ainda assim, desejo a todos UM FELIZ NATAL!!!!

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