Thursday, August 16, 2012

GAÚCHOS = (ÍNDIO CHARRUA + ESPANHOIS)



ABAIXO UM ARTIGO ANTROPOLÓGICO QUE EU ACHEI SOBRE NÓS GAÚCHOS (MISTURA DE ÍNDIO CHARRUA COM ESPANHÓIS)


A diferenciação genética dos Gaúchos
O primeiro passo no sentido de construir uma continuidade genética entre os Charrua e os Gaúchos foi de diferenciar este em relação ao restante da população do Rio Grande do Sul em geral. Ao mesmo tempo, foi enfatizada a proximidade dos Gaúchos com a população do Pampa uruguaio. Esse quadro emergiu a partir da constatação da significativa proporção de herança indígena materna nos Gaúchos (através do mtDNA), bem como pelo predomínio de herança paterna espanhola (através do cromossomo Y).
Esse passo foi importante por diversas razões. Segundo os entendimentos sociais e os estudos históricos, os Charrua são geralmente associados às regiões que estiveram sob influência colonial espanhola. Em contraste, segundo os geneticistas, a visão predominante sobre a formação da população do Rio Grande do Sul não enfatiza a inclusão dos Charrua (Marrero et al., 2007a, p. 161). Na construção de seu argumento, os geneticistas precisaram diferenciar os Gaúchos do Pampa tanto do brasileiro genérico quanto da população mais abrangente do Rio Grande do Sul. Segundo Marrero, "a primeira coisa que a gente fez foi isso: separamos. Existem culturalmente e geneticamente dois gaúchos, vamos dizer assim, que são completamente diferentes."
Para tanto, a pesquisa genética envolveu estabelecer as características genéticas de amostras de diferentes regiões do Rio Grande do Sul, usadas como um modelo para o estabelecimento da população "branca" genérica do estado, bem como de um conjunto amostral derivado de uma comunidade de descendentes de imigrantes europeus que chegaram à região da Serra (Veranópolis) no final do século XIX e no início do XX (Marrero et al., 2005).8 O objetivo foi avaliar a heterogeneidade genética da população do Rio Grande do Sul (Marrero et al. 2005, p. 497). Além disso, ao enfatizar um perfil genômico predominantemente europeu na amostra da Serra, bem como a proporção significativa de DNA mitocondrial indígena na amostra geral do Rio Grande do Sul avaliada (36%), esse artigo, além de apontar para importantes diferenças genéticas internas no Rio Grande do Sul, também diferenciou explicitamente a população do Rio Grande do Sul daquela do Brasil como um todo. Posteriormente, na terceira publicação do projeto (Marrero et al., 2007a), as amostras investigadas em Marrero et al. (2005) foram comparadas com aquelas coletadas no Pampa.
Os resultados da análise de DNA mitocondrial foram muito importantes no delineamento genético dos Gaúchos, em particular por apontar para os elevados níveis de contribuição indígena. A porcentagem de 52% de haplogrupos de DNA mitocondrial de origem ameríndia levou os geneticistas a concluírem que os "Gaúchos contemporâneos constituem o mais importante reservatório de linhagens de DNA mitocondrial ameríndia no Brasil, fora da região Amazônica" (Marrero et al., 2007a, p. 168). Em termos comparativos, conforme indicado em Marrero et al. (2007a, p. 165), análises genéticas indicaram uma porcentagem de DNA mitocondrial ameríndio bastante inferior (11%) para uma amostra composta de indivíduos de várias regiões do Rio Grande do Sul (excluindo Pampa) e de 22% para uma amostra da região Sul do Brasil, esta última investigada por Alves-Silva et al. (2000).9
As análises sobre o cromossomo Y, apresentadas em Marrero et al. (2007a), também tiveram um importante papel na diferenciação dos Gaúchos do restante da população do Rio Grande do Sul. Além disso, tais análises associaram os Gaúchos com populações cuja ancestralidade é mais amplamente reconhecida como charrua, como é o caso do Pampa uruguaio, originalmente de colonização espanhola. De acordo com Marrero, o Gaúcho típico da região do Pampa é uma "mistura de espanhol com Charrua". Os geneticistas estabeleceram uma associação no nível genético através da definição da herança genética paterna do Gaúcho como espanhola, ao invés de portuguesa, que é a mais comum no Brasil e no Rio Grande do Sul. Através do uso, por exemplo, de medidas de distância genética e de caracterização dos haplótipos individuais, chegaram à conclusão de que "os Gaúchos têm quatro vezes menos diferenciação com os espanhóis... em comparação com os portugueses" (Marrero et al. 2007a, p. 163). Esse passo foi crucial no estabelecimento da continuidade genética entre os Charrua e os Gaúchos, uma vez que inseriu esses últimos no cenário de uma mistura genérica, no Pampa, de espanhóis e Charrua. Além disso, por extensão, situou os Gaúchos como na esfera de influência cultural e genética dos Charrua.


LEÍA O RESTANTE DO ESTUDO NA ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.

PARABÉNS AOS AUTORES DO ESTUDO.

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